quarta-feira, 6 de maio de 2009

Experiências

A vida é feita de experiências. Um conjunto de vivências únicas. De momentos e acontecimentos. De caminhos e percursos desconhecidos que nós nunca imaginamos.

Ao longo da minha vida ouvi sempre aquela expressão "nunca digas desta água não beberei". A minha curta experiência veio-me sempre ensinando que esta expressão não poderia ser mais verdadeira.

Desde o preparatório, aquela altura em que começam a surgir na escola a apresentação dos trabalhos de grupo, que disse para mim mesmo que seguir a profissão de professor está fora de questão.

Com o passar do tempo essa ideia veio-se a comprovar como muito acertada.

O martírio de estar em frente a uma plateia era demasiado grande. O stress começava logo na véspera da apresentação com uma noite mal dormida. Com o inicio da exposição do trabalho/aula surgiam as mãos suadas, a falta de voz, o tremer constante com os nervos e as brancas de memória que tornavam aquela apresentação de 10-15min. no meu maior pesadelo.

A fobia era tão grande que se tivesse que fazer uma apresentação de 30min. ela ficaria facilmente reduzida a metade do tempo. Tirando as brancas de memória que ia tendo pelo caminho, dizia tudo o que estava previsto mas com o triplo da velocidade recomendada.

Se tinha esperança que esta fobia fosse desaparecendo com o passar dos anos, tal não aconteceu. Os meus sintomas de pânico eram praticamente os mesmos no último ano de faculdade em comparação com o 1º ano de preparatório.

Contudo, com o final da faculdade, decidi investir num curso de formação inicial de formadores. Não tanto com o interesse de envergar pela área da formação, pois tal área me pregava (e ainda prega) arrepios na espinha, mas mais no sentido psico-terapêutico de controlar o meu stress e ansiedade quando me encontro perante uma plateia.

Digamos que o curso foi uma terapia excelente e vim de lá com uma maior confiança e à vontade para debater ideias e me expor em frente a uma audiência.

A minha vida profissional acabou por se desenvolver num sentido em que a formação se encontrava intrínseca na actividade que praticava. Embora uma actividade intrínseca, nunca me vi como um formador/ professor, uma vez que só realizava acções de formação muito pontualmente.

É quando me surge o convite para ser formador no auge de todas as suas competências que caiu em mim e tomo consciência da responsabilidade que me pedem.

Os receios, os medos e as incertezas voltam a surgir como se estivessem apenas escondidos atrás de uma cortina dentro de mim.

Mas o modo como encaro esses medos e receios mudou. Continuo a sentir um pequeno nó no estômago, mas nada muito intenso. Já não me tremem as mãos, o coração já não arranca a 1000 km/h e já não me falta a voz.

Aprendi a encarar os projectos que me surgem no percurso como degraus que me permitem crescer e a ver cada projecto como uma batalha que me permitirá superar a mim mesmo e vencer. Isso dá-me ânimo para tentar e arriscar.

É nisto tudo que penso quando percorro o corredor daquela escola e me vejo pela primeira vez do outro lado, como formador e não como aluno. Quem diria?

segunda-feira, 4 de maio de 2009